domingo, 11 de novembro de 2007

Shame On Me

Depois de consultar Blogues e mais Blogues chego à triste conclusão de que tenho muito que aprender. Lição de humildade que me fica tão mal, eu sei.

Quem sabe um dia vou ser assim tão grande como os blogues que por aí andam, sofisticados de conteúdo e aparência. Por enquanto deixo a perfeição para os outros, nunca me dei bem com essa tipa embora tenha passado a maior parte do tempo a persegui-la. Quando fecho os olhos vejo-a sempre de sapatos vermelhos a percorrer ruas desertas.

Chama-se Natasha e é uma loira frígida, como eu já desconfiava.

E ao que reza a estória Natasha trazia uma pistola escondida na mão direita. A posição angular do seu corpo coincidia com o turbilhão de emoções que a assaltava. Caminhava na rua que havia naufragado na noite e o piso molhado reflectia a sua sombra distorcida por poças de água iluminadas pelos escassos candeeiros posicionados milimetricamente até ao encontro com a pessoa que ela sabia estar ao fundo da avenida.
O ar estranhamente não cheirava a humidade, e era inodoro, ela julgou que ainda estava na Passerelle, que aquela rua era apenas um prolongamento do seu trabalho, até lhe parecia ouvir ainda a música de elevador que a acompanhou no último desfile.
Ao fundo já via o reflexo do brilho dos óculos dele, respirou fundo, acariciou novamente o gatilho da pistola, como se estivesse a amansar uma fera. Quando chegou ao pé dele sentiu que ele se preparava para a beijar mas ela não lhe deu qualquer hipótese, sacou da pistola e disparou, ali mesmo, a sangue frio antes mesmo de o ouvir dizer boa noite. O corpo dele caiu imediatamente e ela sentiu um calor intenso subir-lhe até às faces, agora muito ruborizadas, tão vermelhas como os sapatos que ele se atrevera a criticar quando se conheceram há uma semana.
Natasha pensou: Agora já aprendeste que não se deve criticar o que vestem as mulheres, nem comentar sobre os seus caprichos. Bem feito, é para aprenderes.
Pensou, mas não o disse porque afinal achou que já não valia a pena. Ele parecia estar mesmo morto. Descalçou os sapatos vermelhos, que fez questão de trazer mais uma vez para o derradeiro encontro, e deixou-os ali, como flores numa campa. Assim descalça, foi para casa com um sorriso nos lábios.



Sim fui morto pela perfeição. Quem se atreve a criticar a perfeição. Foda-se, que sofisticado este revólver.

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