sábado, 26 de janeiro de 2008

Ivy League New Yorkers



Foi paixão à primeira audição e que continua à segunda, terceira, quarta...
Espero que eles sejam tão grandes como merecem e porque existem coincidências felizes nesta vida e a propósito da estreia do Darjeeling Limited não haja dúvida que estes senhores fariam a banda sonora perfeita do próximo filme de Wes Anderson.

segunda-feira, 21 de janeiro de 2008

Real Indie Music


Numa altura em que por aí andam tantas imitações do estilo indie estão de regresso um dos poucos grupos que ainda se pode associar a esse espírito independente sem que se corra o risco de desvirtuar os fantasmas do passado, são eles os British Sea Power. E parece que foi ontem que os vi a fazerem a primeira parte de um inesquecível concerto dos Flaming Lips, no entanto tenho a certeza que já lá vão uns anos que coincidem com a edição do primeiro álbum, The Decline of the British Sea Power, em 2003.
Escusado será dizer que a passagem do tempo só lhes tem feito bem e que estamos perante um excelente novo álbum Do You Like Rock Music?
Pode ser que seja desta que eles nos venham visitar, ocupando ambos os Coliseus, numa data que se deseja muito próxima.

sábado, 19 de janeiro de 2008

Green Hope


Para provar que a nem só de pessimismo vive o homem, e contrariar os discursos apocalípticos, aqui se pode ler uma entrevista com Philip Pullman o, agora mais, conhecido autor da saga que teve início com "A Bússola Dourada".

Entrevista aqui.

quarta-feira, 16 de janeiro de 2008

Volatile


Fugas de gás em Évora, fugas de gás em Lisboa, será que até os gases estão fartos deste Pais e estão a organizar uma fuga gasosa? Ou não passará tudo de um reflexo da realidade volátil e perigosamente explosiva em que se vive nos dias de hoje?

Mystery Talent

Em todos os blogues sobre literatura existe uma referência ao lançamento do último livro de poesia do Francisco José Viegas e eu lembro-me vagamente desse nome mas na minha, por vezes injusta, memória encontra-se associado a uma recordação infeliz: a morte da Grande Reportagem. Talvez já poucos se lembrem da revista antes de se tornar suplemento do DN, mas a realidade é que foi um excelente exemplo de jornalismo como é raro encontrar nos dias de hoje. Até ao dia em que o FJV tomou conta dela e a partir daí, e atrevo-me a dizer, quase desde o primeiro número, foi queda a pique na direcção da morte certa. Uma dívida destas não se pode esquecer, mas ele lá foi fazendo carreira como jornalista e ao mesmo tempo reforçando o seu poder como homem das artes e letras com um programa televisivo sobre livros, onde entrevistava autores, livreiros e editores, ambiente muito útil e propício para chegar longe sem muito esforço. Sem se perceber muito bem porquê acaba à frente da Casa Fernando Pessoa, estatuto de fazer inveja a qualquer amante das letras, e que o torna ainda mais uma força aglutinadora; agora não existe ninguém que queira ser alguém no meio literário que não lhe preste homenagem, venha de onde vier, e a referência exaustiva, em vários blogues, ao lançamento do seu último livro é disso reflexo. Confesso que adoraria ler uma critica justa, dos seus amigos, sobre o valor real desse livro mas acho que isso nunca irá acontecer, e é pena, porque todos sairíamos a ganhar, inclusive o FJV. Em vez disso talvez receba um prémio literário qualquer, o que por vezes pode ser quase tão revelador como essa crítica que nunca verá a luz do dia.

segunda-feira, 14 de janeiro de 2008

Damned Women In Opera 3

Salome por Richard Strauss



Ah! Ich habe deinen Mund gekuβt, Jochanaan.
Ah! Ich habe ihn gekuβt, deinen Mund;
es war ein bitterer Geschmack
auf deinen Lippen.
Hat es nach Blut geschmeckt? Nein!
Doch es schmeckte vielleicht nach Liebe.
Sie sagen, daβ die Liebe bitter schmecke.
Allein was tut’s? Was tut’s?
Ich habe deinen Mund gekuβt, Jochanaan.
Ich habe ihn gekuβt, deinen Mund.

(Ah! Eu beijei a tua boca, João.
Ah! Eu beijei-a, eu beijei a tua boca;
os teus lábios
tinham um sabor amargo.
Era o sabor do sangue? Não!
Mas talvez fosse o sabor do amor.
Eles dizem que o amor tem um sabor amargo.
Mas que importa isso? Que importa?
Eu beijei a tua boca, João.
Eu beijei-a, eu beijei a tua boca.)

sábado, 12 de janeiro de 2008

Damned Women In Opera 2

A Rainha da Noite por W. A. Mozart



“Der Holle Rache kocht in meinem Herzen,
Tod und Verzweiflug flammet um mich her!”
(A infernal vingança fervilha no meu peito,
morte e desespero brilham ao meu redor!)

quinta-feira, 10 de janeiro de 2008

Damned Women In Opera 1

Lady Macbeth of Mtsensk por Shostakovich



“Akh, bózhe moy, kakáya skúka!”
(Ah! Meu Deus que tédio!)

quarta-feira, 9 de janeiro de 2008

Playing on My iPod 2


Palavras para quê? É o mestre de volta com o seu wit e humor cáustico.

domingo, 6 de janeiro de 2008

Contra Corrente

Um Homem: Klaus Klump

Gonçalo M. Tavares



Este é um livro, e não sei porque o autor se apressou tanto em classificá-lo como Romance, que escapa a uma categoria especifica.
Estamos perante um Universo claustrofóbico onde as personagens se encontram sujeitas a um regime castrante e estrangeiro, para o qual foram arrastadas e mantidas por máquinas repressivas que se passeiam com homens lá dentro, homens capazes de crimes atrozes: violar mulheres, mães e filhas, deixando-as com doenças do foro psicológico e filhos ilegítimos. Aos companheiros cabe a humilde tarefa de vingar tão desprezíveis actos ou tão somente de os esquecer. A música aparece como forma de resistência e identidade nacional mas também como modo de impor o aleanista, o estrangeiro.
Aparentemente a palavra chave para entender este livro é nojo e algumas das suas variantes e conjugações: nojento, enoja-me, nojenta, enojava-o. Parece também que o autor se encontra obcecado em torturar formigas (alegoria?): “Uma formiga vai ser furada pela agulha neutra de uma mulher” pag. 11 e “Klaus lembrava-se em criança de derreter formigas com um fósforo aceso que aproximava.” pag. 43 Quanto às crianças algumas “filhos de certas mulheres que são violadas por soldados.” cujas professoras lhes dão “conselhos sobre o modo como fugir mais rápido quando começarem os sons perigosos. Uma criança tem fome e recebe um estalo da professora.” pag. 42 tudo isto para em seguida dizer “As crianças são bem tratadas.” pag. 43 Sem querer parecer demasiado simplista, que espécie de lógica é esta? As crianças são bem tratadas quando passam fome, são esbofeteadas e são fruto da violação de soldados déspotas?
É disto que sofre este livro da tirania do autor que para fazer soar bem uma linha é capaz de deitar por terra o que escreveu anteriomente ou o que vamos ler posteriormente. E de linhas e frases belíssimas está este livro cheio, momentos há em que me sinti a ler um livro de poesia e talvez se fosse esse o caso nada do que referi anteriormente fizesse sentido. “Klaus já viu cadáveres a mais. Por vezes pensa nesses corpos dóceis como selos que vão sendo colados à terra. E o lugar deste selo é mesmo no chão.” pag. 88 “As mãos são orgãos susceptíveis de se emocionarem. As mãos não terão apenas sentimentos tácteis, mas também sentimentos mais complexos: como a grande tristeza.” pag. 100
Mas tratando-se de um romance resta-nos uma estrutura fragmentada sem qualquer suporte narrativo credível.
As personagens quase que se erguem do chão dessa estrutura narrativa mas antes que isso aconteça naufragam numa massa informe, perdemo-nos delas, elas tornam-se distantes. Johana e Klaus (o casal), Catharina (a Mãe louca), Ivor (o soldado violador, mais tarde amante de Johana), Alof (o músico), Herthe (a amante de Klaus, a armadilha-puta) e, o seu irmão Clako que se junta à resistência na floresta; Herthe acaba por casar com um oficial do exército ocupante, Ortho, o qual é mortopor Clako, durante o casamento; Clarko por sua vez fica paraplégico depois de ser ferido pelos soldados que vieram em socorro de Ortho. Klaus acaba numa prisão onde só se encontram doidos, o que nos leva a questionar sobre a sanidade do regime anterior. “Quase justificava os tanques: os tanques entraram para tirar estes homens daqui” pag. 52
Esta guerra é muito masculina e os elementos femininos só sobrevivem porque são putas e comandam os destinos através do uso do sexo: a gorda que ajuda Klaus e Xalak a fugir da prisão; Herthe, mais uma prostituta mais tarde senhora da(e) Sociedade. Às outras mulheres só resta ficarem loucas tendo que ser internadas num manicómio e afastadas do universo social (Johana e Mãe).
Este livro poderia ter resultado num perfeito compêndio de aforismos e máximas se destilado até ao último grau de pureza tal, infelizmente, nunca se concretiza. GMT tem potêncial para vir a ser um La Rochefoucault dos nossos tempos, mas para isso temos que deixar passar tempo, muito tempo, e neste livro o tempo é uma linha recta que avança a uma velocidade proporcional ao esquecimento. É um livro para o qual o autor parece ter ido buscar inspiração ao universo de Kafka (daí talvez a personagem principal se chamar Klaus Klump em homenagem a K.), roubando pelo caminho uma ideia a George Orwell e no fim optando por escrever como um neo - Samuel Beckett. Foi pena que toda esta inspiração tenha ficado a vaguear num espaço impreganado de imagens e argumentos que vemos passar na televisão em horário agora tão pouco nobre.
Espera-se que no fim do livro ocorra uma espécie de redenção literária e nos seja revelada a chave que vai permitir descodificar esta linguagem tornando as personagens mais próximos da nossa pele e nada disto acontece, contínuamos frios perante tudo e até a ironia final é flébil. Os leitores merecem mais, o escritor será capaz de muito melhor.

sexta-feira, 4 de janeiro de 2008

Anagram

Uma certeza para Portugal versão 2008: menos SAP e mais SPA.

Published by Lídia Pinetree

The 7th Seal

A ronda da morte não dá tréguas mas nessas voltas não lhe consigo perdoar o gesto de colher pessoas como o Olímpio. A última vez que o vi foi na FNAC do Chiado e a Mariana estava grávida do primeiro filho, eu tinha acabado de regressar de Londres e ainda estava desajustado desta realidade, e por isso foi muito bom cruzar-me com duas pessoas que já não via há alguns anos e de quem guardava uma boa memória. A Mariana voltei a encontrar no Metro, estava ela já grávida do segundo filho e eu com o meu humor peculiar lá fiz uma piada, sem muita graça, “não seria eu o deus da fertilidade porque só nos cruzávamos quando ela estava grávida.” Agora soube da morte do Olímpio pelo jornal, e ficou-me este chumbo no peito. Perdeu-se alguém que amava os livros como cada vez menos se ama e isso só serve para nos empobrecer. Perdeu-se alguém demasiado precioso para este país, não poucas vezes tão ingrato como a morte. Mas acima de tudo perdeu-se o pai dos filhos que só vi na barriga da Mariana e os quais ele tinha o direito de ver crescer com a mesma ternura e emoção com que cuidava da palavra impressa.