sexta-feira, 28 de dezembro de 2007

Origin of Evil



Estou com muita vontade de ver o último filme dos irmãos Coen “No Country For Old Men” que lá vai arrecadando prémios e criticas positivas, ao que parece estamos perante um Coen Vintage da melhor região demarcada, mas outra coisa não seria de esperar da adaptação de um livro de Cormac McCarthy que vai buscar inspiração a um universo de personagens tão próximo do imaginário dos Coen. Eu estou especialmente curioso sobre o modo como Javier Barden recriou aquela personagem que, para mim, representa a mais perfeita encarnação do mal que me foi dado ler na literatura contemporânea: Anton Chigurh. E até agora nem a leitura, ainda a um terço (sempre são novecentas páginas e um peso de livro que só permite ser lido em casa e sim eu já tentei nos transportes públicos) de “As Benevolentes” de Jonathan Littell onde se podem ler as memórias do ex-oficial Nazi Max Aue, conseguiu destronar. Talvez sejam duas representações do mal distintas, que não se intersectam, mas eu penso que é bem mais do que isso. Deve ter a ver com o facto de ainda se conseguir vislumbrar alguma réstia de humanidade em Auber, apesar de todas as atrocidades em que ele tem vindo a participar, é um fragmento ínfimo mas que está lá, enquanto que na personagem criada por McCarthy não há vislumbre de qualquer espécie de humanidade, é um ser humano recortado à medida de um vazio emocional muito perturbante.
Até lá leia-se o livro há pouco traduzido para português.

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