sábado, 9 de maio de 2015

The Unicorn - Iris Murdoch


O quarto livro foi The Unicorn de Iris Murdoch e aqui está uma escritora que se encontra condenada a não me desiludir. Não lhe posso adjetivar a escrita com elogios suficientes, é daquele tipo de escritor que nos faz desejar escrever como ela. A densidade literária é perfeita, o balanço entre o desenvolvimento dramtico do romance am´to dramrnos dias que correm, me fazem sentir desse modo um sistema reacional atático do romance e o ritmo de introdução das personagens não pode estar mais afinado, e este livro é um exemplo acabado disso mesmo. Marian Taylor, os olhos através de quem nos é introduzida a estória, aceita um lugar de perceptora num castelo situado num lugar distante, na costa inglesa, e o livro começa com a sua chegada a uma desolada paragem de comboio no meio de nada.  A partir desse momento sabemos que está para acontecer algo que vai transformar esta personagem para sempre, e de tal modo que a determinada altura do romance temos que abandonar o seu olhar e focarmo-nos no de outras personagens, nunca com grande sucesso porque as sombras e os contornos poucos nítidos que crescem à nossa volta são demasiado voláteis e misteriosos para poderem ser apanágio de uma só criatura. Ficamos com Marian o tempo suficiente para nos apercebermos do abismo que a rodeia, um abismo sob a forma de uma mulher que é também a dona da casa, uma beleza aristocrática decadente que, suspeitamos, se mantém viva através de whisky e que quase nunca sai do seu castelo. Ali por perto assombra-nos o mar que Marian cedo percebe ser tão indomável como a força que a vai puxando para o centro do mistério que é aquela mulher e de tudo a que a envolve. Mais de metade do livro lê-se quase ao ritmo de um romance policial e depois a espiral de acontecimentos, aqueles que verdadeiramente têm velocidade e impacto, parece que surgem para desacelerar a estória tornando-a mais pesada e difícil de suportar. Há apenas um senão um momento desnecessário em que Iris Murdoch decide educar o leitor através de uma lição pífia de filosofia por via de um diálogo, ao estilo platónico, entre uma das personagens principais e uma outra secundária, e que não acrescenta nada ao livro. As lições de filosofia já lá estavam antes deste formalismo que, no entanto, se esquece rapidamente por estarmos perante uma escritora tão talentosa. Se tivesse que resumir este livro diria, como uma das personagens o sugere, que é  uma versão adulta de um conto de fadas bem conhecido, a bela adormecida, mas com um final muito trágico e infeliz.

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