(Middle Class) America Goes To Prison
Orange is the new black é a nova série sensação, dos
criadores de Weeds, e que se encontra à altura do alarido que se gerou à sua
volta.
A minha curiosidade foi aguçada primeiro por uma música da
Regina Spektor, You’ ve got time, composta propositadamente para acompanhar o
genérico da série, depois resolvi ver um episódio e não consegui ficar pelo
primeiro acabando por, compulsivamente, visionar os doze seguintes que
completam a 1.ª série.
A história central diz respeito a uma WASP, menos Yuppie e
mais Organic, que vai parar à prisão quase na véspera do seu casamento com um
jornalista judeu americano, Larry Bloom (Jason Biggs), que formam um núcleo
quase cliché do que é o retrato da América mais sofisticada e pensante. Apesar
de a série poder ser acusada se usar e abusar dos clichés sociais americanos,
onde podemos incluir os negros, os hispânicos e outros grupos de emigrantes,
consegue sempre ir mais além não se deixando acomodar pelo que seria óbvio e
expectável.
A branca e loirinha Piper Chapman (Taylor Schilling) vai
então parar à prisão de Leitchfiled, no estado de Nova York, condenada por um
crime cometido há uns anos quando se viu envolvida, através da namorada da
altura Alex Vause (Laura Prepon), numa rede de tráfico de droga. Não é minha
intensão resumir aqui os 13 episódios mas apenas alertar para o facto de que
vale muito a pena ver esta série, que escapa à classificação espartilhada da
comédia ou drama, embora de acordo com as possíveis nomeações para os Emmy, a
série tendesse a ser classificada mais como comédia. A série foi, no entanto,
ignorada nas nomeações deste ano mas isso poderá estar relacionado com o facto
de ser uma produção toda feita a pensar nos utilizadores da Netflix, cujo
impacto ainda se está a fazer sentir no mercado audiovisual, embora isso não
seja verdade para a série House of Cards.
Controvérsias e nomeações à parte fica a certeza de que,
apesar de algumas fragilidades dramáticas principalmente associadas às
personagens masculinas, vale a pena investir numa série que cita Pablo Neruda,
coloca personagens a dramatizar Shakespeare, refere os The Smiths, aflora o
tema de Moby Dick, onde um(a) inmate ouve a ópera Eugene Onegin ou outro se
refere a Christopher Hitchens. O resto?
Vejam e tirem as vossas conclusões.
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