segunda-feira, 29 de setembro de 2008

O'er the land of the free and the home of the brave!


O título deste post é retirado da letra do hino dos EUA e serve de reflexão pois na terra da apregoada liberdade quer-se agora fazer censura ao livro de Philip Pullman, "Northen Lights", primeiro volume da triologia "Dark Materials"; infelizmente isto não é novidade porque censura já tem havido noutras ocasiões, por exemplo Gore Vidal já escreveu sobre isso e para bem da sanidade dessa nação ainda pode continuar a fazê-lo.
Para mais pormenores e saber o que o autor censurado pensa sobre o assunto pode ler-se aqui e aqui

terça-feira, 23 de setembro de 2008

Dumb It Down


A língua inglesa para além do mérito de ter evoluído sustentada pelo talento de nomes como Shakespeare ou James Joyce permite condensar ideias, por vezes complexas, através do uso de duas ou três palavras. Um desses exemplos é a expressão Dumb It Down que embora traduzível expressa melhor o que quer dizer na sua língua mãe.
Did
é o que está a acontecer com a Educação em Portugal e desenganem-se aqueles que pensam que este é um fenómeno que só passa pelo ensino básico ou secundário, a universidade já se encontra contaminada com esta ideia, muito mais depois de se estarem a tornar, cada vez mais, empresas cujos clientes são os alunos que pagam não para aprender mas sim para concluir os cursos depressa e com elevadas notas. Assim há a garantia de se ter clientes muito satisfeitos com os serviços e empresas que funcionam melhor porque bem oleadas pelo fluxo contínuo de dinheiro, que o estado se vai demitindo, de ano lectivo em ano lectivo, de facultar. Este é um processo que se encontra em desenvolvimento mas que ainda não está na ordem do dia porque longe dos holofotes do “marketing” político. Agora o que anda para aí na boca do mundo é o tão famoso computador para crianças, Magalhães; a existência deste computador barato ou grátis, conforme o suporte económico da família da criança que a ele vai ter direito, é justificada pelo nosso PM como fazendo parte do apregoado “choque tecnológico” que teve início com acesso a computadores mais baratos por parte dos alunos do secundário e agora passa a ser mais abrangente servindo também alunos do primeiro ciclo. Para quando os computadores para os jardins-de-infância? Será legítimo perguntar, se não parecesse tão absurda tanto a pergunta como a resposta. Mas não esqueçamos que absurda também pode parecer a entrega de computadores a todos os alunos do ensino básico, pelo menos nos moldes em que se a quer implementar.
Que ganho efectivo têm os alunos em tão tenra idade ao adquirirem e poderem manusear um computador? Acesso e evolução mais rápida às chamadas novas tecnologias, sem dúvida, mas de que servirá isso se a maioria dos pais e professores são quase analfabetos no que diz respeito a estas máquinas? O computador pode ser usado como complemento na aprendizagem em tenra idade mas não se deve cair na ilusão de que vai solucionar os problemas mais prementes do ensino nos dias de hoje. E esses problemas passam por coisas tão fundamentais como programas de ensino tão voláteis como as ideais dos burocratas de passagem, ao longo dos anos, pelos vários Ministérios da Educação e que na sua maioria são pessoas, não digo que mal intencionadas, mas que há muito se encontram afastadas da realidade do ensino. Outros problemas há muito detectados são a indisciplina, a desmotivação (tanto do professor como do aluno), a intromissão pouco construtiva das associações de pais, a falta de uma linha condutora que percorra todos os níveis de ensino sem permitir uma descontinuidade na qualidade do mesmo, a ausência quase total de disciplinas de cariz profissional ou artístico, mais recentemente o laxismo na avaliação rigorosa dos alunos através de exames de conteúdo desajustado, o desaparecimento de disciplinas fundamentais tal como a Química do 12º Ano que ao deixar de ser obrigatória passou a ser preterida por outras mais fáceis e que dão melhor resultado, i.e., notas mais altas. Estes são alguns exemplos que infelizmente não surgem isolados, aparecendo muitas vezes acompanhados de outros que se propagam pelo tecido escolar e por associação a órgãos sociais vitais para a um funcionamento saudável da nossa sociedade civil.
A solução agora apresentada, uma criança = um Magalhães, não é uma equação tão simples como o PM nos quer fazer crer e este sinal de igualdade pode vir a revela-se como contendo ainda mais assimetrias do que aquelas que pretende resolver. Esta “igualdade” vai trazer mais dispersão nas aulas, potenciar a criação de um fosso tanto em casa como na escola, porque uma coisa é explicarem às criancinhas que 2 + 2 são quatro outra será explicar o uso correcto da Internet e controlá-lo de um modo eficiente, não se percebe esta urgência em criar indivíduos tecnologicamente evoluídos sem qualquer preocupação em corrigir outro tipo de analfabetismo que grassa na nossa sociedade e que todos sabemos não passa só por não se saber ler, e que toma forma, por exemplo, nas audiências assustadoras de telenovelas da TVI, nas plateias vazias dos teatros, nas listas de bestseller das livrarias, na propagação exponencial de centros comerciais ou no culto da personalidade exacerbado pelas revistas cor de rosa.
Smart it Up, please, antes que seja tarde demais!

sexta-feira, 12 de setembro de 2008

The Mover

"Quem é o tecido adiposo da crítica literária? E por onde andará a musculatura? Os ossos já se sabe que se encontram espalhados pelos cemitérios de respeitáveis revistas e jornais. Claro que seria sempre redundante perguntar pelo ausente sistema nervoso central..."

Excerto de uma conversa ouvida algures numa rua de Lisboa.

À primeira pergunta apetece responder com o nome de um volumoso crítico da nossa praça mas como o Morrissey diria "some Girls are (& will always be!) bigger than others", e se ele o diz está tudo bem.

quinta-feira, 11 de setembro de 2008

A Torre de La Défense


Peça de teatro em dois actos sobre uma passagem de ano em Paris na qual se reúnem alguns elementos marginais da sociedade convencional, um travesti, um casal homossexual, uma senhora burguesa viciada em ácido e um árabe, isto na primeira parte da peça; na segunda parte estas personagens vão-se fazer acompanhar por um americano e um cadáver.
A peça foi escrita por Copi (1939-1987) um autor argentino que viveu e morreu em Paris, este dramaturgo era um criador plástico e isso reflecte-se na apresentação do espectáculo que, especialmente na segunda parte, toma a forma de uma instalação artística que tem como acompanhamento sonoro a leitura do texto por parte dos actores, os quais se encontram fisicamente presentes, mas imóveis, e deitados como cadáveres anunciados de uma morte que pode ser, ou não, real. Talvez por questões logísticas falta o único cadáver que realmente é anunciado na peça, o de uma bebé. A abordagem do texto é por isso “burguesa” não corre riscos e a leitura do texto, tal qual peça radiofónica, também perde por isso. Os actores fazem pouco esforço e não vão muito além daquilo que se espera de uma leitura de ensaio teatral apenas com pequenas nuances de inflexão de voz, pronúncias risíveis, pouco eficazes; como consequência o espectador, que já se encontra distraído pelo apelo dos objectos em cena, não consegue distinguir o que realmente é importante porque essa leitura e encenação em nada os auxilia a focar no, que poderá ser visto como, essencial. Isto acontece na segunda parte que se prolonga demasiado tempo nestas condições precárias para os espectadores e onde se corre o risco de os perder ou no final ou início desta leitura radiofónica da peça.
A primeira parte está mais bem conseguida em termos dramáticos, embora o texto também não seja apresentado de um modo convencional encontra-se mais trabalhado e bem assimilado pelos actores. Depois de Pedro Almodóvar não é fácil a um encenador encontrar uma perspectiva nova sobre este tipo de personagens e até o texto, que precede o trabalho deste realizador espanhol, corre o risco de parecer envelhecido precocemente quando visto por um espectador atento ao que o rodeia. Se no tempo de Copi colocar em cena este exótico conjunto de personagens em palco poderia ser visto como uma provocação, hoje em dia ao recriar este texto há que tentar ir um pouco mais além e dar uma nova dimensão a esse choque em potencial que ainda é, de certo modo, a força motriz desta estimulante peça de teatro. No entanto o trabalho final resulta rigoroso e dramaticamente correcto naquilo que é essencial mas falta-lhe um elemento de edginess que o catapultaria para uma visão mais distante da miopia burguesa que o texto pretende ajudar a sacudir da sociedade contemporânea.
Para ver na Culturgest até ao próximo dia 14.

terça-feira, 9 de setembro de 2008

Booker Prize or is it Another Cooked Prize?


Para os cépticos, e para os que ainda acreditam, podem começar a fazer-se as apostas sobre quem vai arrecadar o Booker Prize deste ano, a lista consulta-se aqui, mas fiquem desde já a saber que o Rushdie não está lá porque, segundo o Júri, não é suficientemente bom; quem diria que um dos maiores escritores da língua inglesa deixou de ser bom. Ou a fasquia se encontra muito elevada ou o número de cépticos vai aumentar.

quarta-feira, 3 de setembro de 2008

A Vice And Her Religious Vices

Nothing like a little bit of humour for the rentrée, a proof that Mrs Palin is really appalling. And it comes in two parts!



Part I



Part II

Oh it's 3 parts after all....




Part III ["A messenger from God" (her own words...)]