quarta-feira, 30 de julho de 2008

The Flood


As exposições universais ou internacionais são um conceito datado porque os princípios fundamentais que lhes deram origem encontram-se desactualizados ou esquecidos. Já não servem para apresentar os últimos engenhos tecnológicos que nos permitiriam perspectivar o futuro, a arte em todos os seus aspectos encontra-se também ausente, agora reduzida a uns espectáculos de rua que se repetem ciclicamente tanto no recinto como nas várias exposições as quais se têm vindo a associar a conceitos generalistas que servem de inspiração a alguns pavilhões mas que na sua maioria são ignorados por grande parte dos participantes, ou pior ainda, são usados de um modo preguiçoso e sem imaginação por pelos mesmos.
Nos últimos anos visitei três exposições universais e se a primeira terá sido uma novidade, as outras duas foram uma desilusão na ordem temporal em que as vivi. Isto porque não me foi permitido vislumbrar qualquer evolução, apenas uma repetição pouco estimulante entre as várias feiras de onde sobressai quase sempre, de um modo positivo, a organização do espaço em termos arquitectónicos, tudo o resto fica muito aquém daquilo que seria expectável depois de tantos anos de experiência na organização deste tipo de eventos. O erro mais grave, e que persiste, é o modo como os pavilhões são pensados; são quase sempre estruturas fechadas em termos arquitectónicos, à porta dos quais se vão formando eternas filas de pessoas ansiosas por os visitar, e isto é sem dúvida uma situação passível de se resolver mas que se tem vindo a repetir desde sempre fazendo com que o objectivo principal da feira seja descurado, isto é, o de permitir uma circulação das pessoas sem que estas de sintam pressionadas a ir a correr para as filas, algumas das quais com tempos de espera muito longos e onde como é evidente se perdem horas preciosas que poderiam ser usadas para usufruir do espaço de um modo mais livre e sem quaisquer tipo de pressões. Não percebo porque é que os organizadores destes eventos sabendo, à priori, que há um número de pessoas a partir do qual não é possível conceber, de um modo realista, que todos tenham acesso a visitar os pavilhões que desejam, permitam que se entupa o recinto com visitantes que, não sua maioria, não vão poder fazer grande parte de tudo o que a feira poderá ter para dar; é uma atitude desonesta e parece que por detrás disto tudo só se encontram razões economicistas que desvirtuam os títulos sempre tão “politicamente correctos” deste tipo de feiras. Neste caso a tentativa de resolução deste problema passou pela emissão de Passes Rápidos que funcionavam só para alguns pavilhões e que no caso do Aquarium já estavam esgotados por volta das 16h00.
Um pavilhão houve que na minha opinião poderá conter em si o futuro daquilo que será idealmente o que se deseja de uma estrutura pensada para um espaço destes, no caso da Expo Saragoça 2008, é o pavilhão temático designado por Água Partilhada onde desde a estrutura arquitectónica à materialização da ideia que lhe está subjacente passando pelo diálogo que permite ter com os visitantes, é sem dúvida um exemplo inspirado e brilhante de como deverão ser os pavilhões das feiras por vir, se a ideia entretanto não se esgotar.
Uma nota positiva também para o pavilhão português que está muito bem conseguido e que se integra perfeitamente na ideia fundamental da Exposição enunciada como “Água e o desenvolvimento sustentável” prestando homenagem ao país anfitrião e aos três grandes rios partilhados pelos povos ibéricos, a saber o Douro, o Guadiana e o Tejo. No dia em que visitei a exposição não estava a ser dos pavilhões mais requisitados mas essa injustiça é amplamente compensada pelo facto de que os poucos que o faziam não se sentirem defraudados.

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