terça-feira, 30 de outubro de 2007

Faust Arp

O último dos Radiohead já fez correr rios de tinta, ou mais precisamente, rios de caracteres digitais porque a tinta está em desuso nos dias que correm. E certo, certinho, é que eles voltaram a fazer uma obra prima depois do experimentalismo associado a álbuns como "Amnesic", KID A" ou "Hail to the Thief". É claro que "In Rainbows" está lá isso tudo outra vez mas agora mais arrumado, mais depurado, mais certeiro. Se eles fizeram ou não um pacto com o demónio ("When Mephistopheles is just beneath/And he's reaching up to grab me") não sei, o certo é que pela música passam sombras tão antigas como o mundo e elas falam de todos os fantasmas que assombram o homem moderno, é um resumo que vem sob a forma de um murro no estômago, na cabeça, nos rins e que nos deixa o rosto disforme.



É uma sala de espelhos sem saída onde só nos temos a nós por companhia. Esses espelhos devolvem para todo o sempre aquilo que queríamos ter sido, quem queríamos ter amado, tudo o que perdemos e tudo o que poderíamos ter ganho. A morte filmada em vídeo, como num último gesto de vouyerismo sobre o que nunca vamos perceber. Esta música é sem dúvida uma aproximação quase perfeita ao retrato psicológico de animais encurralados que nunca deixámos de ser.

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