quarta-feira, 16 de janeiro de 2008

Mystery Talent

Em todos os blogues sobre literatura existe uma referência ao lançamento do último livro de poesia do Francisco José Viegas e eu lembro-me vagamente desse nome mas na minha, por vezes injusta, memória encontra-se associado a uma recordação infeliz: a morte da Grande Reportagem. Talvez já poucos se lembrem da revista antes de se tornar suplemento do DN, mas a realidade é que foi um excelente exemplo de jornalismo como é raro encontrar nos dias de hoje. Até ao dia em que o FJV tomou conta dela e a partir daí, e atrevo-me a dizer, quase desde o primeiro número, foi queda a pique na direcção da morte certa. Uma dívida destas não se pode esquecer, mas ele lá foi fazendo carreira como jornalista e ao mesmo tempo reforçando o seu poder como homem das artes e letras com um programa televisivo sobre livros, onde entrevistava autores, livreiros e editores, ambiente muito útil e propício para chegar longe sem muito esforço. Sem se perceber muito bem porquê acaba à frente da Casa Fernando Pessoa, estatuto de fazer inveja a qualquer amante das letras, e que o torna ainda mais uma força aglutinadora; agora não existe ninguém que queira ser alguém no meio literário que não lhe preste homenagem, venha de onde vier, e a referência exaustiva, em vários blogues, ao lançamento do seu último livro é disso reflexo. Confesso que adoraria ler uma critica justa, dos seus amigos, sobre o valor real desse livro mas acho que isso nunca irá acontecer, e é pena, porque todos sairíamos a ganhar, inclusive o FJV. Em vez disso talvez receba um prémio literário qualquer, o que por vezes pode ser quase tão revelador como essa crítica que nunca verá a luz do dia.

Sem comentários: