Três filmes a três tempos, na marcação do meu tempo o primeiro foi o There Will Be Blood que se sustem na magnífica interpretação de Daniel Day Lewis e que por isso é quase exibicionismo puro.
O segundo filme foi No Country For Old Men o oscarizado filme dos irmãos Cohen muito fiel à atmosfera do livro mas, na minha opinião, padece de dois erros graves. Um prende-se o facto do livro não se adaptar muito bem ao humor dos Cohen, com o elemento agravante de o humor destes destruir o terror, em ruído de fundo, sempre presente no livro; mesmo nos momentos que poderiam ser cómicos o livro nunca nos deixa sequer esboçar o esgar de um sorriso. O outro erro grave tem origem neste primeiro ponto e para alimentá-lo os irmãos Cohen recorreram ao transvestismo da personagem mais perturbante do livro, Anton Chigurh, através de um penteado que não acrescenta nada à personagem a não ser um elemento ridículo destrutivo. No livro Chigurh não passa de uma sombra, com peso de chumbo é certo, e para fazer justiça a essa sensação talvez ele não devesse ter sido no filme mais do isso mesmo, uma sombra da qual quando muito se poderiam ver as mãos. Agora um à parte, na sessão em que estive presente foi-me dado assistir a um fenômeno que só pode ter paralelo nas tosses que se ouvem nos concertos da Gulbenkian. O visionamento do filme foi quase todo pontuado por gargalhadas despropositadas, que vinham sempre a despropósito de nada, mas que todos nós desconfiamos servirem para demonstrar que os seus emissores eram muito “cool” e que estavam ali porque são, com toda a certeza, seres inteligentemente superiores. Se eles ao menos pudessem ouvir o eco dessas gargalhadas talvez lhes fosse dado a perceber que de “cool” só devem ter mesmo as pontas dos dedos e o cérebro, mas concerteza por falta de circulação sanguínea.
O terceiro filme foi o In The Valley of Elah que seria um bom filme se tentasse ser um pouco mais claro na mensagem que quer fazer passar e que se prende com o possível murro no estômago da América conservadora, através do uso de uma Metáfora que nunca é justificada de um modo claro e que no entanto deve ser a espinha dorsal do filme, porque é a que dá origem ao seu titulo. A Metáfora, bíblica, é a da batalha de David contra Golias no Vale do Elah, mas eu devo confessar que nunca chego a perceber quem é quem na versão moderna dessa história e já fiz todas a conjugações possíveis. Uma amiga sugeriu-me que “Golias é a guerra. David é o soldado americano, e que só consegue ir para ele (a guerra) (e portanto vencer Golias) qdo acredita que vai conseguir ganhar”. mas eu não me consigo convencer disso porque na história bíblica David mata o Golias, saindo vitorioso, e nesta batalha iniciada por G. W. Bush não deve ter ainda havido soldado que saísse vencedor, aliás como é demonstrado pelo filme, por muito convencido que fosse de que iria ganhar.
sábado, 8 de março de 2008
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